quarta-feira, maio 26, 2004

In her eyes I sense a story never told

She suts her mouth. Hard. Not a sigh scapes from it. She looks down, trying to hide her feelings, but I sense there's something more. There's always something more, she never shows everything there is to know about her. She conceals her true emotions behind those closed doors. Her lips. Beautiful lips. But it doesn't matter, the harder she presses her lips against each other, the more desperate her eyes get. The look on those eyes, oh. Despair. Fear. She is lost in her own world of darkness.

segunda-feira, maio 24, 2004

E a tempestade não veio

Só veio uma chuvinha mixuruca, ladra de forças...
Não veio a tempestade pra lavar tudo.
Estou cansada de chuvinhas, preciso de um ciclone. Ou de uma tarde azul de sol.

sexta-feira, maio 21, 2004

7.

Ele trazia uma lanterna no bolso direito da calça. Apontou-a para o coraçãozinho perdido embaixo da cômoda e o viu reluzir. Pegou uma haste do seu guarda-chuva preto molhado e fez um gancho. Cutucou o vazio escuro debaixo do móvel, até enganchar a correntinha dourada na ponta dobrada da haste de metal. Tirou o coraçãozinho de lá das brumas. Estava aberto: ao cair, o fecho deveria ter cedido. Ele notou que não havia nada dentro. O espaço que o joalheiro reservara para, quem sabe, uma foto ou uma gravação de iniciais, estava vazio. Ele resgatara um coração vazio das brumas. Tão vazio, que parecia não ter vivido. Parecia não ter dono. Ele trazia uma fita no bolso esquerdo da calça. Amarrou o coraçãozinho ao pescoço dela. Ela voltou a exibi-lo no peito. Eles andaram juntos debaixo da sombrinha molenga. Poc poc poc. Em uníssono.

6.

Pessoas caminhavam poc poc poc ao seu redor. Desviavam da sua sombra úmida e fria. Não percebiam seu olhar úmido e quente escondido atrás da aba da sombrinha. Ela viu uma sombra úmida e quente vindo poc poc em sua direção. Ela a sentiu chegando perto, e mais perto, poc poc poc. Levantou a aba da sua sombrinha e viu um guarda-chuva preto sobre a sombra quente e úmida. Fitou seus olhos secos através da cortina de pingos de chuva e de lágrimas. Sua sombra úmida e fria esquentou de repente. Sentiu-se caminhar poc poc poc em direção ao guarda-chuva preto. Seus olhos secaram.

quarta-feira, maio 19, 2004

5.

Uma segunda vez a correntinha do seu coração arrebentou. E desta vez o coração caiu no chão e se perdeu. Ela procurou em todos os cantos e frestas da casa, até que viu um reflexozinho vindo de uma fresta debaixo da cômoda. Seu coraçãozinho de ouro estava caído lá no fundo escuro. Inacessível.

terça-feira, maio 18, 2004

4.

Sucumbiu. Baixou a cabeça. Fitava os respingos das poças enquanto pisava-as. Splosh splosh splosh. Saraivada de gotas geladas. Pingo pingo pingo. Chuva chuva chuva. Inexorável, molhada e fria. As extremidades do seu corpo estavam todas úmidas. Os olhos umedeceram-se também. Pingo pingo, choro choro. As pessoas iam e vinham a sua volta, cada vez mais rápidas para fugir da chuva. E ela caminhava em câmera lenta.

sábado, maio 15, 2004

3.

Ficou ousada: quis novamente carregar consigo o coração, todos os dias. Arrumou, então, uma outra correntinha dourada e a colocou em roda do pescoço. Agora sua sina era pública e visível, seu coraçãozinho reluzente estava ali para quem ousasse fitá-lo. Mas poucos possuíam tamanha coragem ou presença de espírito. Alguns se aproximavam com curiosidade e observavam-no, de uma distância segura, mas nenhum chegou perto o suficiente para perceber a pequena dobradiça no lado esquerdo do coração e o minúsculo fecho do outro lado. Sim, o coração abre, mas ninguém ousara ver o que havia dentro.

terça-feira, maio 11, 2004

2.

Andava na chuva com sua precária sombrinha. Molenga. O vento batia forte, e os pingos da borda caíam na sua calça fina. Frio frio frio frio. Algumas pessoas cruzavam seu caminho, ela se defendia como podia. Os pingos-cacos-de-gelo vinham de todas as direções. Ela tinha vontade de chorar. Gelo gelo gelo gelo. Ela corria corria, mas parecia que quanto mais fazia força, mais devagar se deslocava. Ela caminhava com dez toneladas atadas a cada perna. E os pingos não davam trégua. Caíam no rosto, até. Começou a sentir a umidade na ponta do sapato, vindo devagarinho e congelando a ponta dos dedos. O gelo gelo gelo a invadia implacável. E ela fugia. E o gelo gelo gelo a acompanhava. Desviava. Esbarravam. Desesperava.

domingo, maio 09, 2004

1.

Carregava no peito um coração de ouro preso a uma correntinha. O coraçãozinho ela ganhara quando criança, a correntinha veio depois. O coraçãozinho ela mantinha guardado numa caixinha, para não perder. Tinha muito valor, era de ouro, tinha vindo de longe. Logo em criança fora presenteada com um coraçãozinho de muito valor e que tinham medo que perdesse. Pode-se dizer que seu destino fora traçado em criança. "Tu terás um coração de ouro e correrás eternamente o risco de perdê-lo. Guarda-o numa caixinha, mantém a salvo este precioso tesouro que te deram." Mas ela não resistiu: teve de mostrar ao mundo o coração. Arrumou a correntinha de ouro para poder carregá-lo no peito; mas ela arrebentou. E o coração ficou guardado na caixinha mais uma vez.

quarta-feira, maio 05, 2004

E chove.

E chove. E o sono não vem. E o silêncio se faz.

sábado, maio 01, 2004

Saídas

Café do Prado ontem. Finalmente descobri porque ainda não tinha ido lá. É um saco. Um monte de gente igual, um monte de músicas iguais, "bebida" liberada até a meia-noite acabou sendo suco de laranja liberado até as onze e meia. Um saco. Vontade de ir no ocidente, se é uma noite ruim, pelo menos eu paguei baratinho e é do lado de casa, é só voltar, a pé mesmo.

Lado bom da semana: KILL BILL na quarta à noite. Não adianta, Tarantino é o que há, ele não deixa nada a dever às suas outras obras-primas. KILL BILL é muito bom!

E mudei as cores do blog, tou relembrando os tags de html que aprendi há muito tempo. Só não fuço mais porque tenho preguiça mesmo.